passeio geométrico

Inscrições: https://forms.gle/o35GXrVQX6E2XfpT9

Informações: acm@acm-itea.org

A palestra consiste em possibilidades de vislumbrar geometria (euclidiana e não euclidianas) em diversas situações do mundo real e associar tais situações à Matemática formal como no caso da fachada de um edifício e conexão com a derivada; as linhas que descem pelo degelo nos Andes em interlocução com as geodésicas; imagens de um parque infantil visualizando formas tridimensionais e a curva obtida na brincadeira de pula cordas. Espera-se com alguns exemplos motivar o estudo da Geometria em diversos níveis de escolaridade.

A geometria, desde seus primórdios, se entrelaça com o mundo real, moldando nossa compreensão do espaço e servindo como ferramenta fundamental para diversas áreas do conhecimento. Através dos conceitos euclidianos e não euclidianos, podemos desvendar a beleza e a complexidade da natureza, desde as formas presentes na arquitetura até os mistérios do universo.

Desde os tempos antigos até os dias atuais, tem sido uma ferramenta fundamental para compreender e descrever o mundo que nos rodeia. Desde os princípios estabelecidos por Euclides na geometria euclidiana até as revoluções provocadas por não euclidianas como a geometria hiperbólica, sua aplicação transcendeu os limites da pura abstração matemática para influenciar uma miríade de campos, desde a física até a arquitetura.

Na Grécia Antiga, os matemáticos como Euclides codificaram os princípios fundamentais da geometria euclidiana, estabelecendo axiomas e teoremas que serviram como base para séculos de estudo. A obra “Os Elementos” de Euclides é um marco nesse sentido, fornecendo uma estrutura lógica para a geometria que ainda é estudada e reverenciada hoje.

No entanto, no século XIX, as fundações da geometria foram abaladas com a descoberta de geometrias não euclidianas por Gauss, Bolyai e Lobachevsky. Essas geometrias, que negavam o quinto postulado de Euclides, abriram novas perspectivas tanto para a teoria matemática quanto para sua aplicação prática. Autores contemporâneos como Greenberg em “Euclidean and Non-Euclidean Geometries” exploram essas extensões da geometria com profundidade e rigor matemático.

O advento da geometria computacional e da geometria fractal no século XX revolucionou ainda mais nossa compreensão da forma e da estrutura no mundo natural e humano. Autores como Mandelbrot em “The Fractal Geometry of Nature” destacam como os princípios geométricos subjacentes podem ser aplicados para descrever fenômenos aparentemente caóticos e complexos, abrindo novas fronteiras de aplicação em áreas como a modelagem de terrenos e a análise de imagens médicas.

Desvendando o Mundo Euclidiano

A geometria euclidiana, baseada nos axiomas de Euclides, estabelece um modelo plano e homogêneo do espaço. Essa estrutura rígida se reflete em diversas situações do nosso dia a dia, como na construção de casas, pontes e outros projetos de engenharia. A matemática formal, através de teoremas, demonstrações e ferramentas como o Teorema de Pitágoras e a trigonometria, nos permite calcular distâncias, áreas e volumes com precisão, possibilitando a criação de estruturas seguras e eficientes.

Um exemplo notável da aplicação da geometria euclidiana na arquitetura é o Partenon, templo grego construído no século V a.C. As proporções harmônicas e a simetria presentes na estrutura do Partenon demonstram a profunda compreensão dos matemáticos gregos da geometria euclidiana e sua capacidade de aplicá-la à criação de obras de arte atemporais.

  • “A geometria é a mais antiga e a mais bela das artes.” – Euclides
  • “A matemática é a rainha das ciências – e a geometria é a rainha da matemática.” – Carl Friedrich Gauss

Aventurando-se no Mundo Não Euclidiano

Em contraste com a geometria euclidiana, as geometrias não euclidianas desafiam nossa intuição ao apresentar modelos do espaço onde o paralelismo e a curvatura assumem formas inusitadas. Essa ruptura com a visão tradicional do espaço abre um leque de novas perspectivas para a compreensão do universo, com aplicações em áreas como a física teórica e a cosmologia.

Um dos exemplos mais famosos da aplicação da geometria não euclidiana na física é a teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Essa teoria revolucionária propõe que o espaço-tempo é curvado pela presença de massa e energia, o que explica fenômenos como a gravidade e o movimento dos planetas. A geometria não euclidiana, especificamente a geometria de Riemann, foi essencial para a formulação matemática dessa teoria, permitindo a Einstein descrever a curvatura do espaço-tempo de maneira elegante e precisa.

  • “A geometria não euclidiana nos libertou da rigidez do pensamento euclidiano e nos abriu caminho para novas formas de compreender o universo.” – Henri Poincaré
  • “A geometria não euclidiana é a linguagem da relatividade geral.” – Albert Einstein

Explorando a Geometria Através da Observação e da Manipulação

A experimentação é um componente fundamental para o aprendizado e a aplicação da geometria. Através da manipulação de objetos, da construção de modelos e da realização de atividades práticas, podemos visualizar conceitos abstratos e conectá-los ao mundo real. Essa abordagem experimental é essencial para o desenvolvimento da intuição espacial e da capacidade de solucionar problemas.

Um exemplo inspirador do uso da experimentação na educação em geometria é o trabalho de Friedrich Froebel, criador dos Jardins da Infância. Froebel propôs a utilização de blocos de madeira e outros materiais manipuláveis para que as crianças explorassem conceitos geométricos como formas, ângulos e simetria de forma lúdica e concreta. Essa abordagem inovadora contribuiu para a democratização do acesso ao conhecimento matemático e para o desenvolvimento do pensamento crítico nas crianças.

  • “Aprender fazendo é a melhor maneira de aprender.” – David Kolb
  • “A geometria é a arte de medir.” – Tales de Mileto

Geometria em Ação e Impactos no Mundo Real

A geometria não se limita ao âmbito acadêmico; suas aplicações permeiam diversos setores da sociedade, impulsionando o desenvolvimento tecnológico e científico. Desde a navegação marítima até a criação de gráficos de computador, a geometria é uma ferramenta essencial para resolver problemas concretos e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Um exemplo notável da aplicação da geometria na tecnologia é o sistema de posicionamento global (GPS). O GPS utiliza princípios de geometria esférica e trigonometria para determinar a localização de um objeto na superfície da Terra. Essa tecnologia revolucionou diversas áreas, como a navegação marítima, a aviação e o transporte terrestre, permitindo maior precisão e eficiência nos deslocamentos.

Outro exemplo importante é a utilização da geometria na computação gráfica. A criação de imagens 3D, animações e efeitos visuais exige um conhecimento profundo de conceitos geométricos como projeções, transformações e modelagem. A geometria computacional, área que combina matemática e ciência da computação, é fundamental para o desenvolvimento de softwares de design, jogos eletrônicos e filmes, permitindo a criação de mundos virtuais cada vez mais realistas e envolventes.

  • “A geometria é a linguagem da natureza.” – Galileo Galilei
  • “A matemática é a chave para desvendar os segredos do universo.” – Isaac Newton

Aplicações e Projetos em Geometria

A geometria, embora tenha raízes antigas na abstração matemática, encontrou um terreno fértil para aplicação prática em uma variedade de campos. Na engenharia civil, por exemplo, a geometria é essencial para o projeto de estruturas complexas, como pontes e arranha-céus, garantindo sua estabilidade e durabilidade ao longo do tempo.

No campo da robótica e da visão computacional, os princípios geométricos são fundamentais para a navegação e a percepção espacial de máquinas autônomas. Autores como Szeliski em “Computer Vision: Algorithms and Applications” descrevem como os conceitos geométricos são empregados para reconhecimento de padrões e mapeamento tridimensional, permitindo que robôs e sistemas de inteligência artificial interajam de forma eficaz com o ambiente.

Além disso, na área da cartografia e geoinformática, a geometria é fundamental para representar e analisar dados geoespaciais, desde a criação de mapas topográficos até o planejamento urbano. Livros como “Geographic Information Science and Systems” de Longley et al. demonstram como os princípios geométricos são aplicados em sistemas de informação geográfica para resolver problemas do mundo real.

A geometria, em suas diversas formas, abre um leque de possibilidades para a criação de projetos inovadores e soluções criativas para problemas do mundo real. Abaixo, cinco exemplos inspiram a explorar o potencial da geometria em diferentes áreas:

1. Arquitetura Biomimética: A natureza é uma fonte inesgotável de inspiração para a arquitetura. Ao observarmos as formas e estruturas presentes em plantas e animais, podemos encontrar soluções inovadoras para a construção de edifícios mais eficientes, sustentáveis e esteticamente agradáveis.

2. Origami e Arte Cinética: A combinação de geometria e dobradura de papel abre um universo de possibilidades para a criação de obras de arte cinéticas e estruturas complexas. O origami, arte japonesa milenar, demonstra a beleza e o poder da geometria na criação de formas tridimensionais a partir de uma folha plana.

3. Tesselation e Design: A tesselation, ou arte da padronização, utiliza formas geométricas para criar padrões repetitivos que podem ser aplicados a diversas superfícies, desde pisos e azulejos até tecidos e roupas. Essa técnica milenar é utilizada para criar efeitos visuais impactantes e harmonizar ambientes.

4. Fractais na Natureza: Os fractais, estruturas complexas que se repetem em diferentes escalas, estão presentes em diversos elementos da natureza, como nuvens, montanhas e flocos de neve. A matemática fractal nos permite analisar e modelar esses padrões complexos, abrindo caminho para novas descobertas em áreas como biologia, física e geologia.

5. Topologia e Redes Complexas: A topologia, ramo da matemática que estuda as propriedades geométricas que se preservam sob deformações contínuas, é utilizada para analisar redes complexas como redes sociais, redes de transporte e redes de comunicação. Essa área tem aplicações em diversas áreas, como sociologia, epidemiologia e ciência da computação.

6. Modelagem 3D para Arquitetura Sustentável: Utilizando conceitos de geometria espacial, arquitetos podem projetar edifícios que maximizam a eficiência energética e a utilização de recursos naturais, reduzindo assim o impacto ambiental. Autores como Pottmann em “Architectural Geometry” exploram como a geometria pode ser aplicada para criar estruturas inovadoras e sustentáveis.

7. Navegação Autônoma de Veículos: Através da combinação de geometria computacional e sistemas de posicionamento global (GPS), é possível desenvolver algoritmos que permitem a navegação autônoma precisa de veículos terrestres, aéreos e marítimos. Livros como “Robotics, Vision and Control” de Corke fornecem uma base teórica sólida para o desenvolvimento desses sistemas.

8. Análise de Imagens Médicas: A geometria é fundamental na análise e processamento de imagens médicas, permitindo a identificação de estruturas anatômicas e a detecção de anomalias. Autores como González e Woods em “Digital Image Processing” abordam técnicas geométricas utilizadas na análise de imagens médicas, como segmentação e registro.

9. Design de Jogos e Simulações: No desenvolvimento de jogos e simulações virtuais, a geometria desempenha um papel crucial na criação de ambientes realistas e interativos. Livros como “Mathematics for 3D Game Programming and Computer Graphics” de Lengyel fornecem uma introdução abrangente às técnicas geométricas utilizadas na indústria de jogos.

10. Estudo de Redes e Conectividade: A geometria é aplicada no estudo de redes complexas, como redes sociais e redes neurais, para analisar sua estrutura e conectividade. Autores como Barabási em “Network Science” exploram como os princípios geométricos podem ser empregados para entender o funcionamento desses sistemas complexos.

  • “A matemática é a arte da beleza e da ordem.” – Pitágoras
  • “A geometria é a ciência do belo.” – Platão

Referências Bibliográficas

  • Barabási, A. L. (2016). Network Science.
  • Corke, P. (2011). Robotics, Vision and Control.
  • Coxeter, H. S. M. Introduction to Geometry. 2nd ed. New York: Wiley, 1969.
  • Einstein, Albert. A Relatividade: Uma Teoria Simples. Tradução de Cláudio Marcondes Filho. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
  • Euclides. (300 a.C.). Os Elementos.
  • Euclides. Os Elementos. Tradução de Paulo César de Carvalho. São Paulo: Editora Unesp, 2008.
  • González, R. C., & Woods, R. E. (2008). Digital Image Processing.
  • Greenberg, M. J. (1994). Euclidean and Non-Euclidean Geometries.
  • Kolb, David A. Experiential Learning: Theory and Practice. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1984.
  • Lengyel, E. (2003). Mathematics for 3D Game Programming and Computer Graphics.
  • Longley, P. A., Goodchild, M. F., Maguire, D. J., & Rhind, D. W. (2015). Geographic Information Science and Systems.
  • Mandelbrot, B. B. (1982). The Fractal Geometry of Nature.
  • Poincaré, Henri. A Ciência e a Hipótese. Tradução de Cláudio Marcondes Filho. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
  • Pottmann, H., Asperl, A., Hofer, M., & Kilian, A. (2007). Architectural Geometry.
  • Spivak, Michael. Calculus. 6th ed. Pearson, 2016.
  • Stewart, James. Calculus. 8th ed. Cengage Learning, 2015.
  • Szeliski, R. (2010). Computer Vision: Algorithms and Applications.

Nota: Parte do texto foi produzida em sinergia com IA.

José Carlos Pinto Leivas

Possui graduação em Matemática pela Universidade Católica de Pelotas (1974), especialização em Matemática na área de Análise pela Universidade Federal de Pelotas (1982) e mestrado em Matemática Pura pela Universidade Federal de Santa Catarina (1985).

Em 2009 concluiu mais uma etapa em sua formação com o Doutorado em Educação na Linha de Pesquisa em Educação Matemática pela Universidade Federal do Paraná, escrevendo uma tese em Geometria – Imaginação, Intuição e Visualização: a riqueza de possibilidades da abordagem geométrica no currículo de cursos de licenciatura de matemática.

É professor titular aposentado pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG.

Foi professor adjunto da Universidade Luterana do Brasil, atuando no Curso de Licenciatura em Matemática e no Curso de Especialização em Educação Matemática.

Atuou também como professor em duas disciplinas no Curso de Pedagogia a Distância.

Atualmente, é professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Ciências e Matemática da Universidade Franciscana de Santa Maria – UFN.

Foi editor da revista EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM REVISTA da SBEM- RS até agosto de 2012 e, atualmente, é editor da Revista Vidya, qualis A2, da UFN.

Foi diretor regional da SBEM-RS e participou da diretoria nacional da mesma sociedade no período 2004-2007.

Tem experiência na área de Matemática, com ênfase em Geometria e Topologia, atuando, principalmente, nos seguintes temas: geometria, educação e ensino, formação de professores, prática de ensino.

Foi coordenador do Curso de Matemática da FURG por mais de dez anos e do Curso de Especialização em Matemática, além de várias funções administrativas na mesma instituição.

Eleito vice coordenador do GT4-Ensino Superior – da SBEM em outubro de 2012 até.2015 e na sequência o coordenador, até novembro de 2018.

Eleito diretor regional da SBEM-RS, em 03 de agosto de 2018 para o triênio 2018-2021, reeleito para outro período

o de Geometria – GEPGEO, na UFN.

Tem mais de 100 artigos publicados, livros e capítulos de livros, conferências nacionais e internacionais, apresentação de trabalhos em eventos nacionais e internacionais.

Membro de conselhos editoriais e revisor de vários periódicos.

Participa de várias bancas de mestrado, doutorado, mudanças de titulações. Orienta mestrado, doutorado e pós-doutorado.

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