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Gramáticas Categoriais - Academia Cearense de Matemática

Gramáticas Categoriais

As línguas naturais como cálculos baseados na estrutura da linguagem da aritmética

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Num breve apanhado histórico, é possível ver que a lógica e a gramática mantêm um relacionamento estreito, desde suas origens na Antiguidade até, ao menos, os inícios do século XIX. As tentativas oitocentistas de tratar logicamente os raciocínios matemáticos, que não podiam ser adequadamente tratados pela lógica de base aristotélica, levaram ao desenvolvimento de sistemas lógicos algébricos (Álgebra de Boole, por exemplo) que foram ignorados pelos estudos gramaticais. Apenas em meados do século XX, encontramos propostas, com alguma consistência, de aplicação de sistemas algébricos aos fenômenos das línguas naturais. Uma dessas propostas é o que se conhece como Gramática Categorial, que é essencialmente uma forma de tratamento das estruturas das línguas naturais por meio de cálculos lógicos (cálculo de predicados, teoria dos conjuntos etc.).

Gramática Categorial é uma abordagem linguística que busca descrever a estrutura sintática das sentenças de uma língua por meio de categorias gramaticais e regras de combinação. Essa teoria linguística tem sido objeto de estudo de diversos pesquisadores ao longo dos anos, abrangendo aspectos científicos, experimentais e históricos. Neste texto, exploraremos os principais aspectos da Gramática Categorial, suas contribuições científicas, os experimentos realizados e os principais autores e obras relacionados a essa abordagem.

Aspectos Científicos da Gramática Categorial

A Gramática Categorial fundamenta-se em uma perspectiva formal e matemática, buscando descrever a estrutura sintática das línguas de forma precisa. Um dos principais pesquisadores nesse campo é o renomado linguista Noam Chomsky, cujo trabalho influenciou muitos estudos na área. Em sua obra “Syntactic Structures” (1957), Chomsky apresenta uma abordagem generativa para a gramática, que posteriormente foi expandida e refinada por outros pesquisadores.

A Gramática Categorial foi desenvolvida por Ajdukiewicz, Montague e Lambek, cada um contribuindo com diferentes aspectos teóricos. O trabalho de Ajdukiewicz (1935) estabeleceu as bases da abordagem categorial, introduzindo a ideia de categorias gramaticais e regras de combinação. Montague (1973) ampliou a teoria, incorporando noções de lógica e semântica. Lambek (1958) desenvolveu o cálculo categorial, uma notação formal para representar as regras de combinação.

Aspectos Experimentais da Gramática Categorial

A Gramática Categorial também foi alvo de experimentos e estudos empíricos para verificar sua aplicabilidade e eficácia na descrição das estruturas sintáticas. Em um estudo pioneiro, Steedman (1984) investigou a aplicação da Gramática Categorial na análise de sentenças ambíguas em inglês. Ele demonstrou que a abordagem categorial era capaz de capturar as diferentes interpretações dessas sentenças.

Outro estudo relevante é o de Clark e Eyraud (2006), que utilizaram a Gramática Categorial como base para a modelagem de fenômenos de concordância gramatical em francês. Eles mostraram que a abordagem categorial era capaz de descrever de forma adequada as estruturas gramaticais envolvidas nesse fenômeno.

Autores e Obras na Evolução da Gramática Categorial

Além dos pesquisadores mencionados anteriormente, muitos outros contribuíram para o desenvolvimento e evolução da Gramática Categorial. Entre eles, destacam-se os seguintes autores e obras:

Ajdukiewicz, K. (1935). “On the linguistic interpretation of the calculus of syntactic functions.” – Nessa obra seminal, Ajdukiewicz apresenta as bases da Gramática Categorial, introduzindo o conceito de categorias gramaticais.

Montague, R. (1973). “The Proper Treatment of Quantification in Ordinary English.” – Montague expande a Gramática Categorial ao incorporar noções de lógica e semântica, abrindo novas perspectivas para a teoria.

Lambek, J. (1958). “The Mathematics of Sentence Structure.” – Lambek apresenta o cálculo categorial, uma notação formal para representar as regras de combinação na Gramática Categorial.

Steedman, M. (1984). “A Generative Grammar for Combinatory Categorial Grammar.” – Steedman demonstra a aplicabilidade da Gramática Categorial na análise de sentenças ambíguas.

Clark, S. e Eyraud, R. (2006). “Concord in Minimalist Grammars.” – Clark e Eyraud utilizam a Gramática Categorial para modelar a concordância gramatical em francês.

Conclusão

A Gramática Categorial é uma abordagem linguística que tem sido objeto de estudo por pesquisadores ao longo dos anos. Seu embasamento científico, com fundamentos em lógica e matemática, aliado aos experimentos empíricos realizados, contribuiu para o avanço da compreensão da estrutura sintática das línguas. Diversos autores e suas obras foram essenciais nesse processo, desde os trabalhos pioneiros de Ajdukiewicz até as contribuições de Montague, Lambek e outros pesquisadores contemporâneos. A Gramática Categorial continua a ser um campo de estudo relevante na linguística, expandindo nosso entendimento da gramática e da linguagem humana.

Referências bibliográficas


Ajdukiewicz, K. (1935). “On the linguistic interpretation of the calculus of syntactic functions.”
Clark, S. e Eyraud, R. (2006). “Concord in Minimalist Grammars.”
Lambek, J. (1958). “The Mathematics of Sentence Structure.”
Montague, R. (1973). “The Proper Treatment of Quantification in Ordinary English.”
Steedman, M. (1984). “A Generative Grammar for Combinatory Categorial Grammar.”

Nota: Parte do texto foi produzida em sinergia com IA.

José Borges Neto

Possui graduação em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1972), mestrado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (1979) e doutorado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (1991).

Professor titular da Universidade Federal do Paraná entre 1999 e 2010.

Aposentado em 2010, continua atuando como Professor Sênior no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da UFPR e como professor sênior na UNIOESTE.

Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Semântica, atuando principalmente nos seguintes temas: epistemologia da linguistica, historiografia linguistica, semantica formal e gramáticas categoriais.

Comentários

Esta aula é uma aula globalizada (Abel do Rosário Sarmento)
Excelente palestra, fiquei muitíssimo interessado em me aprofundar e tendo isto em mente agradeceria se pudesse receber por e-mail os slides que foram utilizados ao longo da mesma. (Adolfo Luiz Braucks Vianna)
Ótima formação. (Anderson Vidal Nascimento Soares)
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A semântica para entendimento dos conceitos. (Audrey Stephanne De Oliveira Gomes )
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Muito boa, gostei da didática do professor.  (Erick Lucas Correia Cordeiro )
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Ótima palestra sobre a linguagem aritmética com as gramáticas categoriais. Diversificou o léxico linguístico de muitos alunos, com certeza, incluindo o meu. (José Misael de Sousa Junior)
Excelente apresentação. (Laelson de Lira Silva)
Muito boa e esclarecedora palavras do professor José Borges sobre Gramáticas Categoriais. (Lucia dos Santos Bezerra de Farias)
Muito interessante (Luiz José da silva)
Parabéns pela temática.   (Maria Aparecida de Medeiros Garcia Sousa)
Muito bom e esclarecedor. (Maria José  da  Silva )
A Matemática e sua presença em lugares inusitados! Muito Obrigado Prof. José Neto! (Maxwell Gonçalves Araújo)
Excelente palestra, Parabéns, Prof. José Borges! O momento foi muito enriquecedor!
Suas reflexões e valiosa contribuição a todos nós que almejamos uma Educação de qualidade. Estamos honrados por essa oportunidade. Obrigado.
 (Miron Menezes Coutinho)
Muito boa (Natanael da Silva Costa )
Uma palestra inesquecível por conta da suave transição entre a linguagem gramatical e a matemática. (Paulo Sérgio Sombra da Silva)
Foi bem legal ver a correlação entre línguas e matemática. (Rayssa da Silva Chaves)
Gostei bastante! (Rebeca Barbosa da Silva Pereira )
Adorei! (Ricardo Mesquita Barros Rolim)
Excelente palestra! Muito aprendizado em cada apresentação na ACM! (Rosa Elvira Quispe Ccoyllo)
Explanações como a realizada pelo professor Borges, vem contribuir para nos provocar a perceber sutilezas não na sua fala, embora isso ocorra, mas naquilo que estamos construindo no nosso processo de aprendizagem. Nesse sentido, a contribuição é significativa, ainda que a pérola colhida na palestra pareça pequena. (Willames Wiclef Alves da Silva)

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