– Gênese e definição dos afetos à luz da geometria segundo Spinoza
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Parece ter sido essa questão que sempre se apresentava como um engasgo, um mal ingerido de modo a deformar toda a totalidade da compreensão da questão caindo ora num moralismo, ora numa utopia, não podendo ter validade nenhuma na prática ou muito menos uma concepção clara da natureza humana.
Grande parte desses prejuízos segue devido uma má compreensão dos afetos e da natureza humana, pois aqueles que até agora se despuseram a trabalhar tal questão conceberam o homem como um império em um império. Ou seja, partiram do pressuposto que o homem não segue a ordem da natureza, mas antes que a perturba, que os afetos, por sua vez, não são elementos intrínsecos à natureza, mas que são frutos do livre-arbítrio do homem, como vícios que eles caem por vontade própria.
Isso é o que nos afirma Spinoza. Para melhor compreendermos a postura de Spinoza frente à questão dos afetos, buscaremos, em nosso texto, retomar uma alusão, de forma indireta, da história da filosofia que, no entanto, pouco é relacionada dentre os estudos spinozanos.
Trata-se de uma pequena menção, em uma epístola de Spinoza com Oldenburg, ao filósofo Demócrito como aquela figura que rir de tudo. Tal postura de Demócrito remonta a uma conhecida anedota onde Demócrito é posto como o contrário a Heráclito, conhecido como o que se lamentava perante a condição dos homens.
A resposta de Spinoza sobre essa postura (a de rir ou chorar) é chave para entender uma concepção fundamental em sua filosofia, a qual seja, sua teoria dos afetos.
Henrique Lima
Doutorando em filosofia pela Universidade Federal do Ceará – UFC.
Membro do grupo de pesquisa Anpof GT Spinoza da Universidade Estadual do Ceará – UECE, membro da comissão editorial das revistas: Revista de filosofia – Occursus, Revista de Filosofia – Polymatheia, Revista de filosofia especializada em Spinoza – Conatus.
Atualmente pesquisa a questão da servidão humana a partir da análise conceitual dos termos obnoxius e alteris iuris no pensador moderno Benedictus de Spinoza como tema de tese de doutorado.