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No quê diz respeito ao uso do termo transcendental, há notícias oriundas da filosofia escolástica medieval, especificamente, em relação a trabalhos elaborados por Filipe, (1165 – 1236)1, teólogo e filósofo francês, chanceler da catedral de Notre-Dame, bem como de seus conterrâneos e teólogos Guilherme d’Auvergne (1180/90–1249) e Guilherme d’Auxerre (1150 – 1231).
Essa primeira abordagem do conceito considerava a transcendentalidade como prerrogativas próprias de Deus e razão de Sua própria consciência.
O italiano Tomás de Aquino (1225 – 1274) vai aplicar a transcendentalidade àqueles conceitos que têm sua própria universalidade, como verdade e bondade. 2
Já Immanuel Kant (1724 – 1804) vai dizer que
“Chamo transcendental todo conhecimento que trata, em geral, não tanto de objetos, mas de nosso modo de conhecer objetos na medida em que isso deve ser possível a priori.” 3
Daí, toma-se que para Kant, o termo transcendental passa a significar o mecanismo “formal” do conhecimento, qual seja, independentemente de seu conteúdo. A visão kantiana, não destaca o quê é conhecido, mas como o conhecimento ocorre, estabelecendo assim os pressupostos teóricos que tornam o conhecimento possível.
Quando a Aritmética, a Álgebra, a Geometria e demais áreas da Matemática já superaram todas as barreiras do cálculo da realidade sensível (empírica), falta à completude o manejo das produções do intelecto humano, em especial, da intuição.
A inquietude da Modernidade e do Iluminismo, não passou despercebida da Matemática. Esse não querer tão somente crer, mas entender estava latente desde os grandes navegadores que chegaram às Américas. Entretanto, essa evolução vai afetar a Matemática somente com Descartes, Spinoza, Leibniz, Euler e Gauß. Entretanto, somente com Abel, Jacobi, Galois, Lie e Klein é que se vai conhecer das necessidades de uma Matemática Transcendental.
Com Max Planck (1858-1947) a Física inaugura uma desafiadora era, superando enormemente a Física de Isaac Newton (1643-1727), justo quando não se dispunha de ferramentas matemáticas adequadas para o manejo experimental e ideológico do cosmológico e do nanológico, para avançar. A Partir da chamada Lei de Planck da Radiação, ele desenvolve, acolitado por Albert Einstein (1879 -1955) e por Niels Bohr (1885-1962) uma das maiores revoluções dos últimos séculos: a Teoria Quântica.
Nesse mesmo tenor, Einstein dá continuidade ao trabalho de Planck, construindo a Teoria da Relatividade, o Princípio da Equivalência, a Mecânica Quântica, Teoria do Campo Unificado, e dedica-se então ao estudo de Fótons, do Quantum de Energia e de várias teorias outras.
Mais recentemente, Stephen William Hawking (1942-2018) reforça a construção dessa vereda, tão necessária ao entendimento do modelo do chamado Buraco Negro.
Mas, de nada serve toda as conjunturas levantadas e trabalhadas, se não é possível mensurar o transcendental. Entretanto, conforme Ruffino relata
“A discussão em torno de enunciados ou proposições que representam verdades contingentes que, não obstante, supostamente podem ser conhecidas a priori ganhou notoriedade principalmente a partir do trabalho de Saul Kripke em Naming and Necessity (1980).“ (RUFFINO, M. O Contingente A Priori. 2013.)
Seguindo a trilha de RUFFINO, constatamos que David Kaplan (1989), no seu ensaio “Demonstratives”, vai refinar e imprimir excelência ao trabalho iniciado por Kripke, momento em que introduz a semântica de demonstrativos e indexicais puros para lidar com o fenômeno da indexicalidade, construindo assim os pressupostos práticos de existência da Matemática Transcendental, oferecendo rígidez à modelagem transcendental e assim, o acesso pleno ao cálculo matemático.
Só ao uso e com fundamento em ente Contingente a priori, foi possível à Física idealizar o Sistema Internacional de Unidades. Da mesma forma, a Matemática Transcendental pode se desenvolver e propiciar à Humanidade um gigantesco préstimo, realizando soluções até aqui inimagináveis nas mais diversas áreas do conhecimento humano.
Referências
1) N. Wicki. ‘Vie de Philippe le Chancelier‘, in Philippi Cancellari Parisiensis, Summa De Bono, Ad fidem codicum primum edita studio et cura Nicolai Wicki, Bern, Editiones Francke, 1985, pp. 11-16 e 27-28.
2) Battista Mondin , História da metafísica , volume 2, Bolonha, ESD, 1998, pp. 564-565.
3) I. Kant, Crítica da razão pura, 1787.
Acelino Pontes
Formação Profissional: Bancário/contabilista (Banco do Nordeste do Brasil S.A. – Curso de Aprendizagem Bancária – CAB, Fortaleza-CE), Técnico em Rádio, Televisão e Eletrônica (Instituto Monitor, São Paulo).
Formação Acadêmica: Medicina (Fortaleza-CE, Berlim/Alemanha, Munique/Alemanha, Lisboa e Colônia/Alemanha), Filosofia (Munique/Alemanha, Colônia/Alemanha e Fortaleza-CE, Psicologia (Colônia/Alemanha), Direito (Fortaleza-CE) e Matemática (Fortaleza-CE).
Formação Coadjuvante: Biologia, Sociologia, Física, Química. Teologia (Fortaleza-CE, Colônia e Munique/Alemanha) e Medicina Veterinária (Munique/Alemanha).
Especializações
Medicina: Medicina Interna, Psicossomática, Hipnose Médica, Treino Autógeno e Informática Médica (Alemanha).
Psicologia: Psicanálise, Psicoterapia, Sexologia, Terapia Comportamental (Alemanha).
Filosofia: Filósofia da Matemática (UECE).
Pós-Graduação: Curso de Doutorado em Neurologia (Pesquisa Cerebral), Max-Planck-Institut für Hirnforschung, Colônia/Alemanha, Curso de Doutorado em Medicina Interna/Psicossomática, Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität Bonn (Bonn/Alemanha), Curso de Doutorado em Filosofia, Universität zu Köln (Colônia/Alemanha).
Atividades extras: Pesquisador, Professor, Jornalista Médico e Técnico-Científico, Dirigente do Esporte Amador.
Membro Titular Fundador da Academia Cearense de Direito, membro do Conselho Consultor da Academia Brasileira de Direito, Fundador e Presidente da Academia Cearense de Matemática.
Professor visitante: Aachen (Technische Hochschule), Berlin (Freie Universität), Bielefeld, Bochum, Bonn, Düsseldorf, Hamburg, Hannover (Medizinische Hochschule), Heidelberg, München (Ludwig-Maximilian-Universität), São Paulo – SP (USP), Vitória – ES e Wiesbaden (Deutsche Gesellschaft für Innere Medizin – DGIM).
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0002717896145507