Elida Luberiaga Bezerra
Licenciada em matemática pela UFRPE.
Muito se fala sobre a matemática: cobra-se a apresentação de uma definição que seja amplamente aceita pela comunidade acadêmica; separam-na em unidades temáticas, conforme indicado na BNCC (números, álgebra, geometria, grandezas e medidas; probabilidade e estatística); tipificam-na em matemática pura e em aplicada. Mas todas estas abordagens convergem para a importância de seu formalismo e rigor, beleza de seus conceitos e à história dos matemáticos notáveis (como Gauss, Euclides, Euler) e de suas contribuições ímpares. Reconhece-se, também, a sua função social para o exercício da cidadania, visto que propicia ao indivíduo, em seu cotidiano, a capacidade de contar, quantificar, avaliar, interpretar, conjecturar, criticar, abstrair, generalizar, argumentar.
Ao iniciar a investigação sobre a possível existência da Alma matemática, mostrou-se necessário partir do significado de cada um destes verbetes. Etimologicamente, alma é originária do latim anima, ou seja, “o que anima”. Vale destacar que alma e espírito têm significados distintos e que cada religião possui sua própria concepção sobre o que seja alma. Por exemplo, o budismo não reconhece a sua existência visto que para ele é o ciclo de renascimentos, como uma realidade unificada, que sobrevive à morte; e para o calvinsimo, a alma é imortal, podendo ser perdida, mas pode também ser salva. Aristóteles, por outro lado, reconhece a alma como a entidade que faz com que um corpo natural receba o predicado “vivo”, ou seja, para ele a alma não tem existência própria, não podendo ser separada do corpo, mas possui a função de animar o corpo apto para a vida. Estudos no campo da neurociência são inconclusivos quanto à existência ou não da alma, mas se ela existir, não poderá ser identificada pelos instrumentos disponíveis atualmente.
O filósofo e biólogo Aristóteles, considerado “Pai da anatomia comparada”, em o “Tratado da Alma”, afirma que o coração é a sede da “alma”, das emoções e do intelecto. Para ele, o que diferenciava os seres animados dos inanimados era a existência da alma. E que ela é possuidora de três faculdades: a vegetativa, a sensitiva e a intelectual, sendo esta última exclusiva do ser humano. (CASTRO e LANDEIRA-FERNANDEZ, 2011)
Embora não exista uma definição para a matemática, podemos dizer que ela é
Ou seja, é a ciência das regularidades (padrões). (WIKIPÉDIA). A matemática tem o poder de traduzir o mundo à nossa volta em uma linguagem própria, precisa e com rigor. Portanto, a matemática está intrínseca à humanidade conforme assegurado em vasto material desenvolvido ao longo dos séculos. Encontramos a matemática, por exemplo, no detalhamento de uma conta de consumo de energia, em uma receita culinária, em uma bula de medicamento, na leitura de um termômetro, na botoeira de um elevador, nos aplicativos para smartphone, no desenho do mapa de uma cidade, no desenvolvimento de novas tecnologias.
Platão, em “A República” afirmou que a matemática pode elevar o ser, e conduzir naturalmente à pura inteligência, pois impele a alma a especulações acerca de seu objeto principal, que são os números, objetos tais que apresentam-se sempre confusos e pedindo por conjeturas mais complexas do entendimento.
Neste contexto, podemos verificar que a alma existe e que está intimamente ligada à matemática, logo podemos supor a existência da Alma Matemática. A prova disso é que, ao nos depararmos com uma questão matemática de difícil compreensão e solução, debruçamo-nos incansavelmente sobre ela, abraçando-a com paixão; e, tal qual a sensação que sentimos ao escutar uma música de que gostamos, do mesmo modo ocorre no exato instante em que a resolvemos… Nesse momento, experimentamos a sensação de uma felicidade incomensurável, inefável. Nossa alma brilha!
Referências:
CASTRO, Fabiano S. and LANDEIRA-FERNANDEZ, J.. Alma, corpo e a antiga civilização grega: as primeiras observações do funcionamento cerebral e das atividades mentais.Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2011, vol. 24, n. 4 [cited 2021-03-16], pp.798-809. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722011000400021&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1678-7153.
MELO, A. R. P. MATEMÁTICA ENQUANTO CIÊNCIA INTERMEDIÁRIA NA REPÚBLICA DE PLATÃO. Saberes: Revista interdisciplinar de Filosofia e Educação, v. 1, n. 4, 30 set. 2010. Disponível em: <https://periodicos.ufrn.br/saberes/article/view/564>. Acesso em: 18.03.2021 13:18 hs.
NOVA ESCOLA. Conheça os Principais Pontos em cada Unidade Temática de Matemática. Disponível em: <https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/34/conheca-os-principais-pontos-em-cada-unidade-tematica-de-matematica>. Acesso em: 18.03.2021 17:29 hs.
PLATÃO. República. Tradução por J. Guinsburg. Difusão Européia do Livro, São Paulo, 2005.
Wikipédia: a enciclopédia livre. Alma. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Alma> Acesso em: 18.03.2021 15:28 hs.
Wikipédia: a enciclopédia livre. Matemática. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Matem%C3%A1tica> Acesso em: 18.03.2021 08:12 hs.
Wikipedia: Die freie Enzyklopädie. Seele. Disponível em: <https://de.wikipedia.org/wiki/Seele> Acesso em: 18.03.2021 16:37 hs.
Que legal minha irmã querida, ótimo artigo.
Parabéns! Excelente artigo! Ainda não havia pensado a respeito desse assunto; mas, de fato, existe algo na matemática, assim como na música e em outras áreas do saber, que se relaciona com as emoções do ser humano, com o seu espírito, por assim dizer; o que seria isso, senão a alma da matemática…
É uma felicidade quando nos deparamos com a matemática, explicada de maneira clara,de forma didática genuína. Quem possui um “relacionamento” problemático com a matemática, PRECISA DE UM PROFESSOR com o DOM para tal labor, explicar e não complicar.
Muito bom o artigo. Me fez refletir sobre esse assunto. Gostei muito.
É uma felicidade quando encontramos professores que nos explicam a matemática de maneira clara, objetiva, enfim didática genuína. Quem possui um “relacionamento” problemático com a matemática, é exatmente desse dom nos professores de matemática, que passam pelas nossas vidas, desde o ensino fundametal, pois quando a criança entra o ensino fundamental e não consegue acompanhar o que lhe é apresentado da matemática pelas séries seguintes, aí é um terror, o não conseguir aprender desde primeiro ano fundamental, torna-se uma bola de neve para quem vivencia esta situação.
Parabéns, Élida, pelo desafio intrigante e iluminador.
Professor Acelino, obrigada por me propiciar o gratificante desafio de falar sobre a Alma Matemática!
Minha querida irmã Élida, que análise profunda sobre a alma da matemática, entendo que onde almas elevadas, como a sua, se debruçam em análises complexas, de alguma forma aguçam as nossas próprias almas também. A satisfação em trazer solução às nossas questões cotidianas nos faz perceber a alma da matemática em nossas vidas.
Parabéns pelo excelente artigo minha querida irmã, tenho muito orgulho de VOCÊ.
PARABÉNS MINHA AMADA PROFESSORA!
Parabéns Elida! Excelente artigo!
Parabéns pelo artigo Élida! Interessante e poética visão da matemática, que provoca um olhar humanizado desta ciência exata.
Você gosta mesmo de matemática.
Parabéns !!!
Bela argumentação!
Parabéns Elida! Uma abordagem bem interessante!
Realmente,só uma pessoa sensível e dedicada poderia nos fazer enxergar que por trás da Ciência Matemática existe algo extraordinário, envolvente,intrigante e desafiador.E isso só tem um porquê a Alma Matemática, pois está presente todo tempo em nossas vidas.