– alunos como solucionadores criativos de problemas
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A todo o momento e em todas as áreas de nossas vidas, nas mais variadas situações e profissões, precisamos lançar mão de algo que aprendemos desde o ciclo de alfabetização: a resolução de problemas. Com o intuito de facilitar o ensino e aprendizagem abordaremos o assunto através da utilização “Didática da Matemática”, vols. 1 e 2 de Malba Tahan (1961) sobre a prática docente e das características do Método Heurístico. Utilizaremos materiais concretos e atividades lúdicas associadas à leitura do livro mais famoso de Malba Tahan: “O homem que calculava”, que narra a história de Beremiz Samir, possuidor da habilidade de realizar cálculos matemáticos e de resolver problemas. Pretendemos mostrar que é possível desenvolver nos alunos o interesse pela matemática, o prazer em conhecê-la e agir sobre ela, identificando conceitos com significado, gerando aprendizagem através da resolução de problemas.
1. Evoluções Históricas
A Didática de Malba Tahan teve suas origens no século XX, quando o professor e escritor brasileiro, pseudônimo de Júlio César de Melo e Souza, começou a difundir seu método lúdico de ensino matemático. Suas obras, especialmente “O Homem que Calculava” (1938), trouxeram uma abordagem inovadora ao ensino da matemática, baseada em narrativas e desafios matemáticos. Esse modelo foi inspirado na tradição da cultura árabe e persa, onde a resolução de problemas era incorporada ao cotidiano. A proposta de Tahan era engajar os alunos por meio da contextualização histórica e da resolução criativa de problemas.
Ao longo das décadas seguintes, a Didática de Malba Tahan passou por evoluções, sendo reconhecida como uma metodologia eficaz para o ensino de matemática. Segundo Lorenzato (2011), as abordagens lúdicas e contextualizadas favorecem a compreensão dos conceitos matemáticos e melhoram a retenção do conhecimento. Tahan influenciou diretamente a inclusão de histórias e jogos na educação matemática moderna, tornando-se um precursor das abordagens ativas de ensino. A influência de seu método ultrapassou o Brasil e foi discutida em conferências internacionais sobre educação matemática.
A didática desenvolvida por Tahan se consolidou como uma alternativa pedagógica eficaz e inclusiva. De acordo com Smole e Diniz (2020), o ensino matemático baseado na resolução de problemas melhora significativamente o desempenho dos alunos. Essa perspectiva é corroborada por D’Ambrosio (1999), que defende a etnomatemática como uma ferramenta fundamental para tornar a matemática acessível. Assim, a evolução histórica da Didática de Malba Tahan demonstra sua relevância na formação de estudantes mais preparados e engajados.
2. Perspectivas Científicas
Do ponto de vista científico, a Didática de Malba Tahan tem sido amplamente estudada e fundamentada por pesquisas em educação matemática. Segundo Bishop (1988), o ensino matemático deve considerar elementos culturais e cognitivos, aproximando-se da abordagem de Tahan. Estudos realizados por Ponte et al. (2009) indicam que o ensino baseado em histórias matemáticas favorece a compreensão dos conceitos e melhora o desempenho acadêmico. A narrativa aplicada ao ensino matemático permite que os alunos desenvolvam uma relação mais significativa com o conteúdo.
As abordagens cognitivas também reforçam a eficácia da didática de Tahan. Pesquisas de Vygotsky (1934) apontam que a interação social é essencial para a aprendizagem, e a resolução de problemas em grupo potencializa o raciocínio matemático. A Didática de Malba Tahan favorece a construção coletiva do conhecimento, permitindo que os alunos desenvolvam estratégias criativas de resolução. Isso é evidenciado em experimentos educacionais que mostram o aumento do interesse e da motivação dos estudantes quando expostos a desafios matemáticos interativos.
O impacto da Didática de Malba Tahan é também percebido na neuroeducação. Segundo Sousa (2017), o uso de histórias e desafios estimula diferentes áreas do cérebro, promovendo uma aprendizagem mais significativa. A contextualização dos problemas matemáticos favorece a memória e a aplicação dos conceitos em situações reais. Dessa forma, a Didática de Malba Tahan se alinha às mais recentes descobertas sobre como os alunos aprendem matemática de maneira eficiente.
3. Enfoques Experimentais e Aplicabilidades
A Didática de Malba Tahan tem sido objeto de diversas abordagens experimentais que buscam comprovar sua eficácia no ensino da matemática. Um dos principais enfoques é a utilização de histórias e narrativas matemáticas para engajar os alunos. Segundo estudos de Borasi (1992), o ensino matemático baseado na exploração de problemas reais favorece o desenvolvimento do pensamento crítico e da criatividade.
Outro enfoque experimental é a gamificação da matemática, que utiliza jogos e desafios inspirados nas obras de Malba Tahan. Pesquisas realizadas por Gravemeijer e Cobb (2006) demonstram que a aplicação de jogos matemáticos estimula o aprendizado ativo e melhora o desempenho dos alunos. A inserção de desafios lúdicos faz com que os estudantes aprendam por meio da experimentação e da descoberta.
Além disso, a abordagem experimental da Didática de Malba Tahan tem sido utilizada na formação de professores. Estudos de Ponte e Serrazina (2000) indicam que a capacitação docente voltada para métodos inovadores contribui significativamente para a eficácia da aprendizagem matemática. A adoção da metodologia de Tahan em programas de formação de professores tem demonstrado impactos positivos na prática pedagógica.
4. Exemplos de Aplicação e Projetos
- Projeto Matemática Viva: Implementado em escolas públicas, utiliza narrativas matemáticas baseadas nas histórias de Malba Tahan para estimular o interesse dos alunos pela disciplina.
- Gamificação no Ensino Matemático: Desenvolvimento de aplicativos educativos que exploram desafios matemáticos inspirados em “O Homem que Calculava”.
- Oficinas de Resolução Criativa de Problemas: Aplicação de metodologias de ensino baseadas em problemas, incentivando o raciocínio lógico e a tomada de decisão.
- Uso da Etnomatemática: Exploração da cultura e dos elementos históricos para contextualizar o ensino da matemática, promovendo maior engajamento dos alunos.
- Formação Continuada da ACM: Capacitação de educadores para o uso das metodologias [inclusive as de Malba Tahan] em sala de aula, favorecendo práticas pedagógicas inovadoras.
5. Alunos como Solucionadores Criativos de Problemas
A Didática de Malba Tahan incentiva os alunos a se tornarem solucionadores criativos de problemas matemáticos. Segundo Polya (1957), o pensamento heurístico(* é fundamental para a resolução de problemas, e a abordagem lúdica de Tahan reforça essa habilidade. Estudos demonstram que a utilização de desafios matemáticos contextualizados melhora o desempenho acadêmico dos alunos. A criatividade é estimulada quando os alunos têm liberdade para explorar diferentes estratégias na resolução de problemas.
As experiências educacionais baseadas na Didática de Malba Tahan enfatizam a autonomia e o pensamento crítico dos alunos. Segundo D’Ambrosio (2008), a matemática deve ser ensinada de forma a desenvolver a capacidade de tomada de decisão e análise crítica. Essa abordagem permite que os alunos não apenas memorizem fórmulas, mas compreendam os princípios matemáticos. O ensino baseado na resolução de problemas promove uma aprendizagem mais profunda e duradoura.
A resolução criativa de problemas também contribui para a formação de habilidades transversais. De acordo com Schoenfeld (1992), os alunos que são desafiados a resolver problemas complexos desenvolvem melhor sua capacidade analítica e de raciocínio lógico. O uso da Didática de Malba Tahan na educação matemática estimula a curiosidade e a investigação, tornando os alunos mais preparados para os desafios acadêmicos e profissionais.
Referências Bibliográficas
BISHOP, A. J. Mathematical Enculturation: A Cultural Perspective on Mathematics Education. Kluwer Academic Publishers, 1988.
BORASI, R. Learning Mathematics Through Inquiry. Heinemann, 1992. D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: Elo Entre as Tradições e a Modernidade. Autêntica, 1999.
GRAVEMEIJER, K.; COBB, P. Design research from a learning design perspective. Educational Designer, v. 1, n. 1, 2006.
LORENZO, N. Didática da Matemática: Uma Visão Crítica e Reflexiva. Autêntica, 2011.
POLYA, G. How to Solve It. Princeton University Press, 1957.
PONTE, J. P.; SERRAZINA, L. Investigações Matemáticas na Sala de Aula. Porto Editora, 2000.
PONTES, Acelino. Prolegômenos à Nova Matemática. Fortaleza: Scientia Publishers, 2023. 232 p.
SMOLE, K.; DINIZ, M. Matemática: Ensino e Aprendizagem. Saraiva, 2020.
SOUSA, D. A. How the Brain Learns Mathematics. Corwin Press, 2017.
VYGOTSKY, L. S. Thought and Language. MIT Press, 1934.
Nota: Parte do texto foi produzida em sinergia com IA.
*) Derivada da palavra grega “heuristiké”, a heurística é a capacidade de descobrir e inventar. Assim, representa a forma como o ser humano simplifica o entendimento de questões complexas, seja porque precisa decidir a partir de informações incompletas ou porque se encontra em situações de incerteza.

Isaura Aparecida Torse de Almeida
Possui graduação em Matemática pela Universidade Metropolitana de Santos (2013).
Atualmente é professor ensino fundamental II e médio da Prefeitura Municipal de São Paulo.
Especialização em Novas Tecnologias no Ensino da Matemática – UFF.
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/7096441766096535